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terça-feira, 26 de novembro de 2013





...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.




Alberto Caeiro





...
Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Angulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
...

António Gedeão




sexta-feira, 1 de novembro de 2013


Cabral Pinto

expõe aguarelas no espaço Ouvir-Centros Auditivos



...
Quando eu danço,
minha'lma clareia
meu ser se remete
ao universo
do movimento...
Quando eu danço,
o mar vem na areia
me lava, me compete,
da ação do meu verso
um desdobramento...
...

Rita Reikki




...
Cidade Poema, às margens do rio,
tranquilo ou bravio... entoando cantigas...
que levam nas águas os risos e as penas
das almas serenas das casas antigas...
...
Maria Lua e Edmar Japiassú Maia







Falta mudar tanta coisa.
Falta mudar isto tudo!
Ser-se cego surdo e mudo
entre gente sem cabeça
não é desgraça completa.
É como ser-se poeta
sem que a poesia aconteça.

(excerto de Poema Temperamental, de Joaquim Pessoa)






quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Aleluia


Dúvida? Não, mas luz, realidade,
E sonho que na luta amadurece:
O de tornar maior esta cidade
Eis o desejo que traduz a prece.
Só quem não sente o ardor da juventude poderá vê-la de olhos descuidados,
Porto - palavra exacta, nunca ilude
Renasce nela a ala dos namorados.


Pedro Homem de Mello



terça-feira, 10 de setembro de 2013

''Como Sou''

Sou brumas de calmarias
embaladas em melodias,
diáfanas esperanças
nas mãos que me afagam

Transgrido normas,
quebro paradigmas
sou açoite do tempo,
prece dos arrependidos

Silencio a alma
nas asas de cada instante,
sou fruto da descrença,
poder da indiferença,
caminhos itinerantes

Realizo travessias
coloridas de venturas,
acalentando a magia
tal dores do pensamento
nos sabores de muitas lágrimas.

Conceição Bentes



sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Canção de Viana

Eu sou de Viana cidade.
Eu sou de Viana que é vila.
Sou de Viana e sou da aldeia 
Sou do monte e sou do mar.
A minha terra é Viana!
Quem diz Viana, diz Cerveira,
Quem diz Cerveira, diz Arga…
-Só dou o nome de terra
Onde o da minha chegar!

Pedro Homem de Melo
(serigrafia/1985)



quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Paisagens se vão
Carregadas pelos ventos fortes
Que o tempo nos impõe...
Corredores de imagens
Que vida afora
Se formam como quadros na parede

Maria Regina de Sousa


Rua de S.João-Caminha (Serigrafia/86)



''Baile de máscaras'' 

O cetim rodeia o decote,
a roda da saia juntada
sobre a perna, elegantemente, cruzada.
Acidez mal disfarçada.
Na bolsa trancada,
três batons,
por via das dúvidas.
E por via crucis,
o comprimido calmante.

Só e nublada,
ei-la "alegre"
na festa do seu desamparo.

Elizabeth Gontijo

(serigrafia-1984)



As flores e as cores 
A natureza viva que se diz morta
O jarro cheio de esperança
A amargura do limão 
a vida, a terra e o chão!

Gelfa, 1984


A BAILARINA

Caminha na ponta dos pés
a bailarina,
como se o circo fosse feito
de neblina:
Vai bailar a bailarina,
vai voar a bailarina
e é tão fina, tão fina...
vira vento a bailarina,
vira nuvem, vira ilha,
e num último salto
ilumina o palco,
transformando o silêncio
em maravilha.

ROSEANA MURRAY

(estudo para acrilico-1983)



É preciso correr riscos,
seguir certos caminhos e abandonar outros.
Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo!...
.
[Paulo Coelho]


terça-feira, 13 de agosto de 2013

EM SILÊNCIO DESCOBRI ESSA CIDADE NO MAPA

Em silêncio descobri essa cidade no mapa
a toda a velocidade: gota
sombria. Descobri as poeiras que batiam
como peixes no sangue.
A toda a velocidade, em silêncio, no mapa —
como se descobre uma letra
de outra cor no meio das folhas,
estremecendo nos ulmos, em silêncio. Gota
sombria num girassol —
essa letra, essa cidade em silêncio,
batendo como sangue.

Herberto Helder



Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

Ricardo Reis



Poema para a Sofia Andresen 

Não sei porque floriram no meu rosto
os olhos e os rostos que há em ti.
Floriram por acaso, ao sol de agosto
sem mesmo haver agosto ou sol em mim.
Não sei porque floriram: se o orvalho as queima
(Ponho as mãos nos olhos para os proteger!)
Tão estranho! florirem no meu rosto
olhos e rostos que não posso ver.

(Eugénio de Andrade, Fevereiro de 1946)




Elevação

Por cima dos paúes, das montanhas agrestes, 
Dos rudes alcantis, das nuvens e do mar, 
Muito acima do sol, muito acima do ar, 
Para além do confim dos páramos celestes,

Paira o espírito meu com toda a agilidade,
Como um bom nadador, que na água sente gozo,
As penas a agitar, gazil, voluptuoso,
Através das regiões da etérea imensidade.

Charles Baudelaire


DA MINHA ALDEIA vejo quando da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

Alberto Caeiro




segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pássaro Azul


Tua estirpe habitara alcândoras divinas.
Com os pés de prata e anil desceste antigos tempos.
E em minhas mãos pousaste, e o silêncio explicou-se,
por tua voz, que era de nunca e era de sempre.

Nomes de estrelas vinham sobre as tuas asas,
e era o teu corpo uma ampulheta pressurosa.
Entre as nuvens procuro o último azul que foste ...
Mas, de tanto saber, nada mais se deplora.

Como te penso tanto, e tão longe procuro
tua música além das nuvens, não te esqueças
que posso estar um dia, em lágrima extraviada,
pólen do céu brilhando entre os altos planetas.

Mas não voltes aqui, pois é pesado e triste
o humano clima, para o teu destino aéreo.
Eu mal te posso amar, com o sonho do meu corpo,
condenado a este chão e sem gosto terrestre.


Cecília Meireles






COM FÚRIA E RAIVA

Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra.


Sophia de Mello Breyner Andresen



Veneza das canções solitárias
E dos apaixonantes viajantes
Veneza dos versos tristes
E dos amores marcantes.


Luzia Medeiros

(apontamento de Veneza)


BAILE DE MÁSCARAS

Contínua tentativa fracassando,
Minha vida é uma série de atitudes.
Minhas rugas mais fundas que taludes,
Quantas máscaras, já, vos fui colando?

Mas sempre, atrás de Mim, me vou buscando
Meus verdadeiros vícios e virtudes.
(- E é a ver se te encontras, ou te iludes,
Que bailas nesse entrudo miserando...)

Encontrar-me? iludir-me? ai que o não sei!
Sei mas é ter no rosto ensanguentado
O rol de quantas máscaras usei...

Mais me procuro, pois, mais vou errado.
E aos pés de Mim, um dia, eu cairei,
Como um vestido impuro e remendado!


José Régio

(Desenho de Cabral Pinto/1972)



"Fomos criados para vivermos no Paraíso, o Paraíso destinava-se a servir-nos.
O nosso destino foi alterado; que isto também tenha acontecido com
o destino do Paraíso, é algo que não se diz."
.
Franz Kafka




domingo, 11 de agosto de 2013

Isto vai meus amigos isto vai
um passo atrás são sempre dois em frente
e um povo verdadeiro não se trai
não quer gente mais gente que outra gente.

Isto vai meus amigos isto vai
o que é preciso é ter sempre presente
que o presente é um tempo que se vai
e o futuro é o tempo resistente.

Depois da tempestade há a bonança
que é verde como a cor que tem a esperança
quando a água de Abril sobre nós cai.

O que é preciso é termos confiança
se fizermos de Maio a nossa lança
isto vai meus amigos isto vai.

Ary dos Santos



Veneza!

Sobre a ponte eu estava,
Há dias, na noite cinzenta
Ao longe ouvi uma canção:
Ela pingava gotas de ouro.
Pela superfície trêmula
Gôndolas, luzes, música -
Ébria ela nadou para a escuridão…
Minha alma, um alaúde,
cantou a si, invisível e ferida,
uma canção veneziana, e segredou,
trêmula de ventura colorida.
Será que alguém a escutou?

Friedrich Nietzsche






A Porta!


Uma porta aberta 
Um caminho que se abre
Uma rua deserta
Um atalho desabitado
Uma nova esperança
Uma vida que se preenche
Uma luz que se alcança!

(autor desconhecido)






Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
Vê um velho casario
Que se estende ate ao mar





"Não faças do amanhã o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo que nunca mais.
Teus passos ficaram.
Olhes para trás ... mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te."

Charles Chaplin




E resulta que também estes andavam à procura 
duma certa quantidade de gente 
que saía à procura mas por outras bandas 
bandas que por seu turno também procuravam imenso 
um jeito certo de andar à procura deles
visto todos buscarem quem andasse
incautamente por ali a procurar


Mário Cesariny








A Ponte


Entre instante e instante,
entre eu sou e tu és,
a palavra ponte.

Entras em ti mesma
ao entrar nela:
como um anel
o mundo fecha-se.

De uma margem à outra
há sempre um corpo que se estende,
um arco-íris.

Eu dormirei sob os seus arcos.


Octávio Paz






«Dúvida? Não, mas luz, realidade,
e sonho que na luta amadurece:
o de tornar maior esta Cidade
eis o desejo que traduz a prece.
Só quem não sente
o ardor da juventude
poderá vê-la de olhos descuidados,
Porto - palavra exata, nunca ilude
renasce nela a ala dos namorados.
Deram tudo por nós esses atletas
seu trajo tem a cor das próprias veias
e a brancura das asas dos Poetas
ó fé de que andam nossas almas cheias
não há derrotas quando é firme o passo
ninguém fala em perder, ninguém recua
e a mocidade invicta em cada abraço,
a si mais nos estreita: a Pátria é sua!
…….

Pedro Homem de Melo









quinta-feira, 27 de junho de 2013


A partir do dia 30 de Junho nova exposição de Cabral Pinto na Quinta do Esquilo - Amares - Braga